A novela “Amor À Vida” possui duas tramas paralelas cômicas de maior destaque: o núcleo envolvendo a gordinha virgem Perséfone (Fabiana Karla), e o núcleo da periguete Valdirene (Tatá Werneck). São tramas cujas histórias não se desenvolvem, não evoluem. Na verdade, funcionam na novela apenas como esquetes cômicas, como quadros de um programa humorístico, como o “Zorra Total” ou “A Praça É Nossa”.
Funciona assim: quando aparece o núcleo em questão, o público já sabe de antemão o que vai acontecer, porque aquela historinha já se repetiu tantas vezes, que o que resta é aguardar o bordão de efeito ou o ápice da situação, que são os momentos em que o riso acontece – ou não, quando o humor já cansou ou está desgastado.
Fabiana Karla tem experiência na modalidade. Com anos de “Zorra Total”, já emplacou personagem que arrancaram o riso até o esgotamento, como a Drª Lorca, Dona Gislaine, Dilmaquinista, Lucicreide e outras. Idem para Tatá Werneck, em seus programas e esquetes na MTV. Ainda assim, podemos destacar alguma diferença entre os núcleos das personagens Perséfone e Valdirene.
Perséfone parece pura e simplesmente saída de um quadro do “Zorra Total”. Desde o início da novela, ela não faz outra coisa a não ser tentar apagar seu fogo de virgem encalhada. Ainda que tenha tido uma participação importante lá no início da trama: a personagem foi uma das testemunhas na armação da Drª Glauce (Leona Cavalli) no caso da substituição do bebê natimorto de Bruno (Malvino Salvador) pela filha recém-nascida de Paloma (Paolla Oliveira).
No capítulo desta terça-feira (30/07) de “Amor À Vida”, em mais uma investida de Perséfone, o autor Walcyr Carrasco ainda pegou pesado no texto, com piadinhas de duplo sentido envolvendo sexo, de gosto para lá de duvidoso, que nem mereciam estar em um programa como o “Zorra Total”. Não dá para piorar o que já não tem mais graça.
O núcleo de Valdirene, pelo menos, é mais amplo, com mais personagens, envolvidos em outras histórias – como a relação de Márcia (Elizabeth Savalla), mãe da periguete, com o desmemoriado Gentil (Luís Mello). A própria Márcia também teve uma participação na trama central da novela, no início: fez o parto da filha de Paloma, naquele banheiro de boteco. Mais à frente descobriremos que Márcia tem alguma relação do passado com a família de Paloma.
Enquanto isso, Valdirene anda em círculos, sempre incitada pela mãe a dar em cima de homens famosos no intuito de fazer um casamento milionário. Sua história segue como numa esquete de humor: o roteiro e as piadas são sempre as mesmas, muda apenas a vítima da personagem. Entre outros, ela já investiu em Neymar, Alexandre Pato, Luciano Huck, Vitor Belfort, Gusttavo Lima e Gustavo Borges.
No capítulo de terça, quando pensávamos que a história de Valdirene ia tomar um novo rumo (ela foi enganada pelo motorista de Félix (Mateus Solano), que se fez passar por rico), ela e a mãe já planejaram um novo golpe, desta vez para cima de um cantor do grupo Aviões do Forró. Ou seja, voltamos à estaca zero. Na sinopse original, um dos grandes atrativos deste núcleo era a promessa de que Valdirene largaria a vida mundana e se converteria à religião, se tornando cantora gospel. Mais de dois meses de “Amor À Vida” e Valdirene continua contando a mesma piada. Era engraçado no início. Mas agora, que já sabemos como termina, não é mais.
Ainda que a história de Valdirene não saia do lugar, é preciso elogiar a atuação do trio Tatá Werneck, Elizabeth Savalla e Luís Mello, ótimos em seus papeis, mesmo porque, como citado acima, eles movimentam outras tramas.
Fonte: nilsonxavier
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