Um dos temas que mais mexeram com os internautas que vêm debatendo “A vida da gente” acaloradamente aqui no blog é o fato de Júlia (Jesuela Moro) chamar Manuela (Marjorie Estiano) de mãe. Mais do que o triângulo amoroso envolvendo duas irmãs, mais do que a cruel preferência da mãe por uma das filhas, mais do que a passividade de Rodrigo (Rafael Cardoso). O que, afinal, há de tão grave nisso? A menina foi criada pela tia numa situação já toda tão heterodoxa, esse não seria apenas um detalhe de um arranjo familiar diferente?
É, de toda forma, um sinal de que a novela de Lícia Manzo avança num terreno ainda não explorado na teledramaturgia: as novíssimas famílias. Não as “novas famílias” dos anos 70, com pais e mães separados e as consequentes configurações (filhos de vários casamentos morando juntos etc). Naquele modelo, mãe é mãe e única. A novela das 18h dessacraliza até isso, embora não desqualifique a figura materna. Júlia também tem duas mães e acha isso bom. Na vida real, filhos de casais gays têm dois pais, ou duas mães também. Por que esse ponto “pega” tanto?
O fato de “A vida da gente” ser uma novela realista não significa que sua autora simplesmente copie a realidade. O que se vê ali não é fantasia, mas tampouco aquilo que acontece na casa de todo mundo. São possibilidades reais, ainda assim incomuns. E, mais importante: enredos construídos com credibilidade, tanto que vêm motivando intermináveis debates na internet. “A vida da gente” pode não ser um sucesso de ibope. Mas tem uma legião de espectadores apaixonados.
Fonte: oglobo
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